Parte 01 e 02 de 03
A crítica a seguir diz respeito única e exclusivamente ao capítulo denominado ” Psicanálise e outros Psicomodismos”.
A primeira coisa a se deixar claro é que uma análise profunda de qualquer tema requer estudos proporcionalmente profundos. Dito isto, é humanamente impossível que dois pesquisadores: uma bióloga e um jornalista não levassem décadas para rastrear todo o debate secular em torno da Psicanálise.
Quando academicamente queremos expandir o debate, usamos o recurso da organização de livro. Convidamos diversos grupos de pesquisa com expertise em diversas áreas para Abranger com maior profundidade temas que seriam impossíveis para um único indivíduo.
De antemão, que já fique claro que o conteúdo do capítulo aqui tratado nada tem de acadêmico. Trata-se da mais pura blogueiragem, polemismo e midiatismo.
Dito isto, diferente do Professor Mario Eduardo da Psiquiatria da Unicamp, vou me ater a explicar o porquê o conceito de ” Pseudociência”, dentro os saberes lastreados academicamente, esta d
Orientador a Psicanálise e a Economia Política de Marx.
Algo que não é tema do capítulo,mas que é importante para compreender o todo.
O Conceito de Pseudociência foi criado por Karl Popper, por volta dos anos 30 na obra ” A Lógica da Pesquisa Científica”.
Popper foi um dos fundadores da Sociedade de Mont Pelerin, junto com Hayek e Mises: os famosos pais do novo liberalismo, ou seja, do neoliberalismo.
Um das grande premissas da sociedade Mont Pelerin é abordar uma diversidade de áreas do conhecimento a parti da racionalidade neoliberal que prima pela ” competição de mercado”.
Não é atoa que Popper tratará como ciência, ou hipótese científica, aquela que pode ser falseada por outra. Perceba com isso a lógica da ciência de mercado. O que nós anos 70 Bourdieu chamaria de ” Capital científico” em sua crítica a invasão da racionalidade neoliberal sobre a ciência moderna.
Popper tomará como seu principal rival no início desse debate a grande Escola oposta a posição política da sociedade Mont Pelerin: a Escola de Frankfurt.
O trabalho de Popper consistiu em grande parte descredibilizar qualquer forma de crédito as bases do pensamento da Escola: logo a Psicanálise
O trabalho de Popper consistiu em grande parte descredibilizar qualquer forma de crédito as bases do pensamento da Escola: logo a Psicanálise
Sobre a lógica das ciências sociais
Publicado pela primeira vez 1972, o texto do filósofo e sociólogo alemão T.W Adorno é uma profunda crítica as 27 teses de Karl Popper sobre as Cientificidade das ciências sociais.
Afirmei previamente que Popper é um dos responsáveis por imprimir a lógica da competição de mercado à pesquisa científica.
Popper tentará demostrar em suas 27 teses que a ciência deve ser situacional, ou seja, tomando como exemplo uma economia ” econométrica”, Popper propõe que as ciências devem em larga medição ater-se a modelos temporários passivos de falsificação.
O criticismo de Popper reside no fato de que uma ” boa” hipótese Científica é aquela que resiste a uma espécie de ” seleção natural” científica.
Em seu texto, por sua vez, Adorno recorrerá a historicidade do problema. Para ele ao deslocar o Método do interesse e conecta-lo Unicamente ao objeto, Popper perde a dimensão política da ciência.
Em outros termos, segundo Adorno, Popper instrumentaliza a ciência como algo que tem como objetivo a resolução pragmática de problemas sem retornar a questão da Invenção do problema.
Assim, para Adorno, Popper estaria extirpando da ciência qualquer crítica a ideologia e resumindo a ciência a execução de protocolos.
Ou seja, para Popper, um conhecimento cujo método aponta para a compreensão de um problema e não para a resolução não pode ser portanto um conhecimento verdadeiramente Científica.
Popper, será o arauto do que Lyotard chamou de Pós-modernidade em sua dimensão fragmentária. Nesse sentido a teoria não só estaria subsumida ao método como ela mesma seria descartável.
Para o Falsificacionismo de Popper não existe algo como uma Teoria sociológica científica. Poderíamos dizer que a única sociologia possível seria uma sociometria. Não uma teoria Social, mas o que séria o embrião de uma ciência de dados
Adorno aponta em Popper o surgimento de uma ciência sem teoria
Está pragmática inválida qualquer dimensão meta-narrativa tais como a Psicanálise, a Economia Política e a teoria do Darwinismo.
Todavia, aqui está um ponto de interesse para essa linha de raciocínio. Porque é o Darwinismo não é alvo dos “NeoPositivistas”?
Maneu Messias
Maneu Messias. Psicólogo, psicanalista, músico, apaixonado por neurociências e ciências em geral. Doutor em Psicologia. Professor universitário desde 2016. Amante de cinema, games, séries e culturapop. Ainda desejando fazer faculdade de artes visuais e economia. Fortemente chegado em esportes radicais como escalada e paraquedismo e qualquer outra coisa que a minha ansiedade diga pra fazer. Co-Host do podcast Perdidos na paralaxe.