“E eu estou vivendo de grama E das goteiras do meu teto” ( Something in The Way ,Kurt Cobain – Nirvana)

Segundo o filósofo Mark Fisher, Kurt teria entendido seu papel na indústria fonográfica. Kurt era uma grande Parodia de si mesmo. Um Excêntrico milionário, recluso, depressivo com crises bipolares e letras críticas e ferozmente agressivas ao america Way of Life.

” Cobain sabia que ele era apenas mais uma peça do espetáculo, que nada funcionava melhor na MTV do que um protesto contra a MTV; sabia que cada gesto seu era um clichê, previamente roteirizado. E sabia que até mesmo isso era um clichê” ( Mark Fisher)

fonte: divulgação warner bros

Em The Batman Matt Reeves ( Planeta dos Macacos) parece saber disso.

Afinal o que mais parodesco do sistema do que um Bilionário depressivo espancando pessoas pobres que são capachos de vilões que realmente controlam o sistema das grandes metrópoles?  Por que gostamos tanto do Batman, do Tony Stark etc? Porque os Bilionários estão no nosso imaginário? Bezos e Musk?

O filme em si acerta em quase tudo.

A câmera claustrofóbica. Gothan quase nunca aparece em tela cheia. Uma amiga disse que era para causar a sensação de proximidade. Filme um beco escuro e sujo de Fortaleza, São Paulo (Seja na área nobre ou periferia) ou qualquer outra capital e você terá Gothan .

Mas, o filme é sobre O BATMAN e esse é o ponto alto. O Batman que erra, que confunde uma charada por um erro de tradução de outro idioma. Um batman que exita a pular de um prédio. Um Batman que está profundamente desconfortável em ser Bruce Wayne como Curt Kobain era profundamente desconfortável em ser o vocalista do Nirvana. Ao longo das 3h batman e outros personagens são desenvolvido a exaustão mesmo os com pouco tempo de tela.

A Edição som, a fotografia e o Batmóvel merecem um texto a parte.

Batman está longe de ser o melhor filme de herói e dificilmente marcará o cinema como o Coringa de Heath Ledger, mas para quem assistiu Begins que fundamenta o caminho sabe que o filme é quase esquecível.

Fonte: divulgação Warner Bros

Comparações nunca são boas, mas algumas são inevitáveis.

Em minha opinião, diferente do que fez Tim Burton, Christopher Nolah e o péssimo ( é preciso salientar) diretor Zack Snyder, Matt Reves mostrou uma versão do Batman que já existe nas HQs. Existe uma tendência a chamar a trilogia de Nolah e Bale de sombria e realista, mas a tecnologia usada por ele nada tem de realista. Pense assim Elon Musk e Jeff Bezos poderiam ter aqueles equipamentos? Dificilmente. Diante do Batman de Partison o Batman de Bale lembra mais o Tony Stark do que qualquer coisa que possa ser realista.

Porém, isso não significa dizer que o filme de Matt Reeves é Melhor que ” O cavaleiro das trevas de Nolah” porque não é. Como sugeri, The Dark Knight é um dos melhores filmes da história do século XXI e certamente o melhor filme de herói já feito até hoje.  Uma trocação franca aqui não é justa.

Mas, pouco dessa qualidade se deve ao Batman. Mas, sim ao filme enquanto conjunto da Obra e tudo que envolveu a crianção de um vilão que se tornou uma espécie de Darth Vader do século XXI.

O Coringa de Heath Ledger é o Melhor vilão já feito em um filme de Herói. Poderiamos dizer que parcela significativa da grandeza do filme é tributária a aquela atuação. Mas, The Batman é mais filme que Batman Begins que é um filme esquecível e que o Cavaleiro das Trevas Ressurge que é um filme tão mediano que é quase ruim.

O Problema de The Batman não está em Dark Knight, mas em Seven. É quando se olha para sua grande referência que os problemas do filme se acentuam o que Vale uma outra analise. A questão de uma análise dessas é que antes dela é preciso ter consciência que Seven é um filme que não corria a corrida do Bilhão que o cinema Hollywoodiano vive hoje.

Seven podia se dar ao luxo de ser o que queria ser. Esse luxo The Batman talvez não tenha, pois tem uma bilheteria multiversal na sua concorrência.

Se tem uma coisa que The Batman não é. É esquecível.

Maneu Messias

Maneu Messias. Psicólogo, psicanalista, músico, apaixonado por neurociências e ciências em geral. Doutor em Psicologia. Professor universitário desde 2016. Amante de cinema, games, séries e culturapop. Ainda desejando fazer faculdade de artes visuais e economia. Fortemente chegado em esportes radicais como escalada e paraquedismo e qualquer outra coisa que a minha ansiedade diga pra fazer. Co-Host do podcast Perdidos na paralaxe.